quarta-feira, 4 de abril de 2012

Menina da foto. 04/04/2012

A tentação bateu. A raiva, a mágoa. Não resistiu e abriu as fotos. Olhou... Olhou de novo... Pensou: “Como pude perder pra isso?” enquanto rolava o mouse para baixo e para cima, enojando-se com as imagens. Mas sentia mais nojo de si mesma, para ser sincera. Sentiu-se num baixo nível e não posso dizer que não estava. Seu ódio chegou num ponto em que ouvir o nome dela já era o suficiente para acabar com o dia todo. O sentimento de inferioridade existia não só pelo motivo óbvio, mas porque tudo o que ela desejava para si mesma a garota da foto ganhava. Tudo mesmo, sem exceção e nem exagero. Tudo parecia tão fácil, tão acessível... Para a garota da foto. Tudo parecia tão real e ao mesmo tempo tão mágico... Para a garota da foto. Ela parecia ser o equilíbrio perfeito entre o Céu e o Inferno, mas isso porque era boa na mesma medida que era ruim... Digamos assim, era manipuladora.

Sua simpatia forçada, sua voz aguda e suas roupas no estilo rock-star-colorida pareciam ter aquele tom provocante de “eu só existo para te deixar com raiva”. Seu sotaque forçado de paulista, então, para ela era o cúmulo. Queria tanto parecer “descolada” que se dispunha a fingir ser o que fosse para ganhar atenção. Ela sabia que parecia inveja... Podia até ser inveja, mas uma inveja completamente justificável, pois por que essa pessoa que não merece ter tudo o que tem, possui e ela não? Isso era um motivo plausível, não? Era tudo que ela conseguia se perguntar. E o tal “motivo óbvio” a ajudava a alimentar mais ainda esse ódio que só crescia, crescia, como um tumor se alastrando por todo o corpo, pois era óbvio para elas, já os outros, nem imaginavam - e nem podiam. A vontade dela mesmo era de contar para todos. Abrir a boca até o canto e cortar com muito prazer todo aquele alto-astral da menina da foto, mas não podia. Tinha prometido segredo. Segredo que a torturava. Torturava. Torturava. Tortura. E o que ela poderia fazer? Além de carregar consigo todo esse ódio para o resto da vida e tentar expressá-lo em palavras num blog esquecido?

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