segunda-feira, 6 de setembro de 2010

E ela corria...


ofegante. Ela fugia de tudo aquilo que ela mais temia. Era grande e impuro, um anexo de asquerosidades que conseguiam, em toda sua infâmia, se tornarem belas. Tinha longos e robustos braços que se preparavam para sufocá-la em todos os medos que a mente da pobre garota reproduzia. Não possuía pernas e, por onde passava, não deixava mais haver chão. Não tinha olhos e suas narinas eram tão vastas que tomavam todo o ar de quem ousasse cruzar o seu caminho. Aquele monstro a perseguia incansávelmente por caminhos os quais a garota não conhecia - caminhos cheios de obstáculos, altos e baixos e baixos... e baixos.

"Que monstro é esse? O que ele quer de mim?" - era tudo que ela conseguia pensar. Ela já havia se perdido dentro da imensidão confusa de tudo aquilo que constituía aquele monstro terrível, apenas não tinha consciência disso. Era como se a sua memória tivesse sido apagada e tudo aquilo que tivesse qualquer relação com aquele monstro tivesse sumido de sua mente. Mas no fundo ela sentia uma certa afinidade, um certo interesse por toda aquela correria e todo aquele desespero. Ela via naquele monstro um sofrimento, mas não um sofrimento ruim... uma certa obsessão que tomava conta de cada atitude que ela resolvia tomar. Era como se sofrer por tudo aquilo fizesse todo o sentido que o mundo não sabe explicar.


Aquela garota não sabe... ela AINDA não sabe que aquele monstro que a persegue não é nada mais nada menos do que o amor. O amor que causa dor, mas é belo. O amor que é cego e tira o chão e o ar de quem o sente. Aaaahhh... o amor!